O professor e escritor Recifense, Alexandre Furtado, lançará em Salvador o seu segundo livro: "Os mortos não comem açúcar". O evento acontecerá na Livraria, Boto cor-de-rosa (Barra); haverá um bate papo com o autor.
Um livro com visões de uma cidade inteira, (reapresentada ou desvirginada, em certo sentido) e cabendo nos 14 contos, dispostos em linguagem simples, e interligados por lugares ou personagens comuns de uma época singular:os anos 70. Nas suas costuras, lacunas serão preenchidas (ou não) ao passo da leitura.
"O fato de haver essa coloquialidade recifense e informalidade nos diálogos, não significa facilitação, na verdade, há um cuidado em retratar os falares e os costumes de uma época" Diz Alexandre que volta a olhar o espaço urbano, agora, de modo mais compenetrado, crítico. Então, lá está o Recife, numa riqueza de detalhes, presente na urdidura textual, para fazer com que o leitor, eventualmente, se lembre, ou se (re)conheça, quem sabe, se sinta à vontade. E com vontade (apetite?)
“Sim, há um Recife, mas de quando havia poucos edifícios, trânsito livre até a praia de Boa Viagem, por exemplo", rememora o autor, uma cidade mais plana, com outra geografia, um peixe boi na praça do Derby, invernos precisos e rigorosos, bem como o calor de sempre. Aliás, a temperatura em todos os contos parece sugerir uma quentura natural, um mormaço muito típico de lugares tropicais e cortados por rios. Na verdade, um calor também presente nas relações humanas, ora tensas ora desejosas.
Em todos os contos, com exceção do último, existe um prefácio, que é a letra de alguma música. A relação musical estabelecida ampara uma ideia: a de que existe no livro uma trila sonora.
Os personagens são descritos de forma direta, mas cuidadosa: estudantes de engenharia em apostas amorosas e conquistas afetivas, jovens sagazes e sedentas, amores extra conjugais, uma empregada doméstica que resgata pedaços da grande história - um casamento, um bordel, e outros cenários onde estão as marcas e as pistas devolvidas pelo tempo.
Com relação à estrutura, feito "tangerina em gomos", tem-se a impressão de que, em vez de contos, o livro poderia ser lido também como novela, de tão próximos os textos, de tão comuns certos conteúdos.
O posfácio do livro, escrito pela professora de literatura Cristina Botelho, traz como título um questionamento que talvez alguns curiosos poderiam fazer antes mesmo de abri-lo, ou certos leitores, já perto de termina-lo: Por que, então, só os vivos comeriam açúcar? Mais adiante, no próprio texto, ela responde: “Para saber, é preciso ler.” Realmente, da forma que foi elaborado, não adianta começar e terminar o primeiro conto e imediatamente abrir o último, na esperança de encontrar uma resposta para a pergunta. Há que se ler toda a obra, e com atenção.
Ao leitor, depois de tanto imaginar e ser provocado, resta render-se ao segredo do livro. E, quem sabe, descobrir, de fato, por que é preciso estar/ser vivo para comer o tal açúcar?
Alexandre Furtado nasceu em Recife, é Doutor em Teoria da Literatura, crítico e professor de línguas e literatura – UPE. Coordenou o projeto de extensão Café Cultural da FAFIRE, e algumas edições do Café Literário durante a BIENAL INTERNACIONAL do Livro de PE. Atualmente, assina a coluna Miolo de Pote, no site Domingo com Poesia, e é responsável pelo blog de cinema e literatura Angu bom é caroço. Faz parte do GPL – Gabinete Português de Leitura e do IAHGP – Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano.
Participou da Coletânea de contos, pela Prefeitura do Recife, RECIFE conta o Natal, 2008. Em 2010, publicou pela Cepe De ruas e inti-nerários, obra de 160 poemas, que lança um olhar sobre o Recife, traçando um roteiro íntimo e pessoal que liga as ruas e os aspectos já existentes da cidade com os rumos, às vezes, amargos do presente. Seu conto Gloria, que fala da vida de uma rua, no bairro da Boa Vista e da vida judaica no bairro, foi publicado no Suplemento PERNAMBUCO em 2011.
- SOBRE O LIVRO
Título – Os mortos não comem açúcar / Contos
Autor – Alexandre Furtado
Editora – Confraria do Vento
Número de páginas – 160 p
Edição – Primeira
Formato – 120 x 180 mm
O livro já foi lançado em Recife, Curitiba e agora Recife.
- SERVIÇO
Lançamento em SALVADOR – 02 setembros (sexta feira) 17h.
Local – Boto Livraria – Rua Marquês de Caravelas, 328 Barra Salvador.
Fone – 3016 0006