Darllam Cruz
Lar é lar: mesmo que ele esteja localizado em uma estação petrolífera em alto mar, na base de um vulcão muitíssimo ativo ou numa cidade sem lei nos arredores de Hong Kong. A SUPER selecionou para você seis lugares bastante peculiares que têm algo em comum: todos têm ou tiveram populações que surpreendentemente prosperaram, desafiando a lógica, as leis e até a fúria da natureza.
1. Neft Daşlari, a cidade em alto mar
Em 1945, a URSS descobriu petróleo na costa do Azerbaijão. O problema é que, na época, ninguém ainda havia construído uma plataforma de petróleo em alto mar, e eles tiveram que descobrir como fazer tudo do zero. Determinados, construíram uma multiplataforma gigante no meio do oceano. Quando mais petróleo foi descoberto logo ao lado, eles não passaram pela mão de obra de construir uma nova plataforma: apenas acoplaram um barco à plataforma existente e trabalharam dele. Foi dessa maneira que nasceu a Oily Rocks, uma imensa cidade de trabalhadores petroleiros, com cerca de 200 quilômetros de estrada construídas em pleno Mar Cáspio.
Aproximadamente duas mil pessoas vivem e trabalhem em Neft Daşlari – rochas de petróleo, em azerbaijano. Mesmo desafiando a lógica, o lugar não é inóspito – em muitas maneiras lembra uma cidade de verdade. Lá se pode encontrar estações de energia elétrica, uma biblioteca, prédios habitacionais de até nove andares, pousadas para visitantes, hospitais, palácios de cultura e padarias.
Em novembro de 2009, Neft Daşlari comemorou sessenta anos, nos quais produziu mais de 170 milhões de toneladas de petróleo e 15 bilhões de metros cúbicos de gás natural. Mas esse monstro de aço não está envelhecendo bem. Grande parte da sua estrutura arcaica enferrujou, e a cidade está literalmente caindo aos pedaços. Mas os moradores locais não vão abandonar esse navio tão cedo. Segundo estimativas de geólogos, o volume de reserva do local é de cerca de 30 milhões de toneladas, o suficiente para manter Neft Daşlari ativa por mais ou menos 30 anos.
2. Whittier, a cidade-prédio
A cidade de Whittier, que fica no estado americano do Alasca, tem cerca de 200 habitantes e quase todos vivem num antigo quartel do exército de 14 andares construído em 1956. Durante a Segunda Guerra Mundial, o exército dos Estados Unidos construiu uma unidade militar com terminal ferroviário e um porto para a entrada de soldados americanos no Alasca chamado Camp Sullivan. As duas imensas construções, chamadas Begich Towers, foram construídas após a Guerra e têm uma estação policial, uma clínica de saúde, uma igreja e uma lavanderia. Seus corredores parecem com os de uma escola ou centro de detenção, e é possível ver os residentes rondando os perímetros de chinelos e pijamas. A única maneira de se chegar a Whittier por terra é atravessando um túnel de quatro quilômetros, numa estrada de mão única que se fecha à noite. Durante o verão, cruzeiros, barcos fretados e navios pesqueiros levam milhares de visitantes ao porto de Whittier.
Confira essas fotos incríveis dos habitantes da cidade dentro dos prédios
No inverno, porém, a camada de neve da cidade ultrapassa os seis metros e ventos de até 100 km/h não são incomuns; o clima é tão brutal que as crianças vão das torres Begich até a escola por um túnel. No período em que o turismo é escasso e a temporada baixa, Whittier é conhecida por seu clima de estranha intimidade: um lugar onde um residente pode bater na porta do chefe de polícia, onde estudantes conseguem ajuda para a tarefa de casa na mesa de cozinha do professor e onde o pastor conduz batismos numa piscina inflável no porão.
3. Manshiyat Naser, a cidade do lixo
Manshiyat Naser é uma cidade com desemprego zero, casas extremamente baratas e uma população de cerca de 250.000 pessoas que se descreve como feliz. Mais conhecida como Cidade do Lixo, Manshiyat Naser fica localizada perto de Cairo, no Egito, e sua economia baseia-se na coleta e reciclagem dos dejetos da capital egípcia. Os cidadãos da cidade selecionam o lixo a procura de objetos que possam ter algum valor, como metais e eletrônicos.
Apesar de ter ruas, lojas e apartamentos, a área tem infraestrutura precária e geralmente falta água potável, esgoto ou eletricidade. O cenário da cidade impressiona: Manshiyat Naser lembra uma enorme favela pós-apocalíptica, em que os entulhos de lixo dividem espaço com pessoas, carros e construções.
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