Governo britânico autorizou as experiências, mas sem permitir que os embriões fossem implantados em mulheres
Felipe Germano
A Agência Reguladora de Fertilização e Embriologia britânica autorizou pesquisadores do instituto londrino Francis Crick a manipularem em laboratório embriões humanos. É a primeira vez que organizações oficiais de um país autorizam o procedimento
O objetivo da pesquisa é tentar entender mais sobre os primeiros sete dias após a fecundação do óvulo. Dessa forma, os resultados talvez ajudem a prevenir e combater problemas de infertilidade, doenças, ou abortos espontâneos. De acordo com pesquisas daTommy's (instituição que investiga problemas de gravidez) estima-se que, na Inglaterra, entre 15 e 20% das gestações termine por conta de um aborto involuntário, sendo que 85% deles acontecem nas primeiras 12 semanas de gravidez.
Apesar dos estudos estarem liberados, é proibido que os embriões alterados em laboratório sejam implementados em mulheres. Mesmo assim, os críticos à manipulação genética em humanos não gostaram da notícia. "Esse é o primeiro passo para um caminho que cientistas prepararam cuidadosamente para a legalização de bebês geneticamente modificados", afirmou David King fundador da Human Genetic Alert - organização contrária à interferência genética em seres humanos - quando consultado sobre a liberação, pelo governo britânico, no mês passado.
Mesmo com as críticas, a comunidade médica inglesa encara os estudos como algo positivo. "Edição genética talvez seja aplicada clinicamente no futuro, para tratar ou prevenir doenças incuráveis ou problemas genéticos. É importante que o amplo debate continue não só entre pesquisadores, mas também entre pensadores que discutem a ética, a saúde, órgãos reguladores, possíveis pacientes e a população em geral", afirmou Robert Lechler, presidente da Academia de Ciências Médicas locais, em comunicado. Os testes estão previstos para os próximos meses.
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