A planta do tabaco poderia ser modificada para produzir uma droga contra o câncer, de acordo com uma nova pesquisa de cientistas norte-americanos.
Isso graças a uma replicação do Etopósido, um medicamento de quimioterapia utilizado para tratar tumores do pulmão, ovários, testículos, bem como o linfoma. Não existem, atualmente, maneiras de produzir o medicamento sem um composto chamado podofilotoxina, encontrado naturalmente em uma planta rara, chamada “Himalayan mayapple”.
Agora, cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, EUA, podem ter conseguido reconstruir geneticamente a planta do tabaco para criar um novo composto, superando um dos principais ingredientes necessários para criar Etopósido.
No momento os fabricantes da droga confiam na planta “Himalayan mayapple”, que está em risco de extinção, para seu ingrediente vital. Mas ela cresce muito lentamente e só é encontrada no Himalaia. Por isso, os investigadores centraram-se em quatro genes que são conhecidos na produção de podofilotoxina, e, em seguida, analisaram os dados genéticos da planta do Himalaia para identificar genes semelhantes. Então, manipularam uma planta do tabaco para expressar novos genes e identificar os compostos resultantes no tecido foliar.
No total, os autores identificaram seis novos genes que, combinados com as quatro originais, produzem um novo ingrediente, chamado desmetil-epipodofilotoxina. Os pesquisadores disseram que ele supera a podofilotoxina como um ingrediente-chave para o medicamento de quimioterapia.
A professora Elizabeth Sattely e sua estudante de graduação, Warren Lau, da Universidade de Stanford, disseram que a podofilotoxina, um produto químico da planta do Himalaia, é o precursor natural para Etopósido, “usado em dezenas de regimes de quimioterapia para uma variedade de doenças malignas”. Eles têm isolado o método pelo qual se pode recriar esta substância em plantas de tabaco, e esperam que o método possa ser aplicado a outras plantas.
O trabalho, publicado na revista Science, pode levar a um fornecimento mais estável da droga e permitir que os cientistas consigam torná-la mais segura e eficaz. Muitas das drogas utilizadas para tratamento de dores e luta contra o câncer foram inicialmente identificadas em plantas, algumas das quais estão em risco de extinção ou demoram para crescer. Em muitos casos, as plantas ainda são a fonte primária da droga.
“O que foi marcante para nós é que, com tantos produtos naturais de plantas usadas atualmente como drogas, nós temos que cultivar a planta, então isolar o composto”, disse Elizabeth, revelando que a equipe espera, eventualmente, produzir o medicamento em leveduras.
“A grande promessa da biologia sintética é ser capaz de projetar caminhos da natureza, mas se nós não sabemos o que as proteínas são, então não podemos sequer começar este esforço”, finalizou.
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