Foto: Arquivo Pessoa |
A rotina apertada de estudos de Gabriela Almeida Costa, 19 anos, teve uma recompensa digna dos seus esforços. “Não esperava tanto”, contou a estudante do quarto ano do curso técnico em geologia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), que tirou nota 1000 na prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2014).
Em meio às dez disciplinas do curso técnico e aulas em período integral, o gosto pela leitura e as três horas diárias de estudos dedicadas apenas ao Exame fizeram com que Gabriela – que pretende cursar licenciatura em geografia na Ufba - fosse uma das 250 pessoas em todo o país a alcançar a pontuação máxima na prova de redação nesta edição do Enem, segundo ranking divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). “Estou muito feliz”, comemorou a estudante.
A alegria da menina não é para menos. Isso porque, no processo avaliativo, a redação tem peso importante. Para concorrer a uma das vagas, o candidato não pode ter zerado a prova.
Também é a redação que, em caso de notas iguais, decide a jogada. Garante a vaga o estudante que obteve a maior nota na prova dissertativa, que na última edição do Exame abordou o tema Publicidade infantil no Brasil.
“Gostei bastante do tema. Tinha lido muitas coisas durante o ano que estavam relacionadas com a proposta. O meu gosto por leitura também ajudou obedecer aos critérios exigidos na correção da prova”, revelou Gabriela, que tem em sua casa três estantes de livros repletos de séries e romances históricos. O atual livro de cabeceira da estudante é a biografia da adolescente paquistanesa Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz 2014.
Para Gabriela, o segredo do bom desempenho é a determinação. Sem tempo para cursinho, estudava nas horas vagas, entre um intervalo e outro das aulas do IFBA. Começou estudando em grupo, com colegas, mas percebeu que sozinha conseguiria obter melhores resultados. “Comecei estudando com meus amigos, mas depois resolvi estudar por vídeo-aulas e apostilas que comprava nas bancas de revistas”, revelou a estudante, que ainda arruma tempo para desenvolver um projeto de pesquisa na área de geografia em parceria com uma professora.
Quase mil
Um outro exemplo de sucesso na redação do Enem é o estudante Antônio Gabriel Santana, 17 anos. Garoto da área de exatas, Gabriel contraria quem pensa que escrever uma boa dissertação é domínio dos afinados com a área de Humanas. “Há um método fechado, uma fórmula de fazer: idealmente quatro parágrafo, uma introdução, um problema, dois desenvolvimentos, um conclusão em que você tem que expor uma solução. É quase uma matemática”, comparou o rapaz, que tirou 980 na redação deste ano.
Apesar da seriedade em relação ao bom desempenho, ele diz ter ficado surpreso com a nota. “Eu tive um professor (de Redação) que era considerado severo, então tirar um oito com ele era muito difícil. Eu era um aluno considerado de mediano para bom, mas de certa forma foi essa característica dele que ajudou com que eu me esforçasse mais”, conta.
Gabriel diz que não gosta de ler por hobby ou diversão, embora esteja sempre atento a noticiários através da internet. Também diz que nunca dedicou muitas horas e uma rotina certa de estudos, ele diz que prefere uma dedicação intensiva com maior qualidade e atenção do que extensiva.
Foi uma nota baixa, na casa dos 600, na redação do ano anterior, que o fez dar mais atenção ao tema este ano. Ele diz ter prestado mais atenção aos critérios e aos erros e julga que só vacilou um pouco sobre o oferecimento da solução que ele apontou no seu texto.
Filho de um professor de Artes e de uma doutora em Biblioteconomia, Gabriel acaba de concluir o terceiro ano no Colégio Anchieta e quer, com a nota do Enem, pleitear um vaga no curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Notas Zero
Em 2014, mais de 500 mil alunos não pontuaram na prova de redação. De acordo com dados divulgados pelo MEC, 217,339 estudantes tiveram a prova anulada por fugir do tema proposto; 13.039 zeraram por copiar trechos de textos motivadores; 7.824 por texto insuficiente; 4.444 por não atendimento ao tipo textual; 3.362 por falta de conectividade no texto; 1.508 por motivos diversos e 955 por ferir direitos humanos.
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