Inspirado em “ninguém escreve ao coronel”, de
Gabriel Garcia Márquez, o espetáculo, que tem direção de Luís Alonso e
texto de Claudio Lorenzo, fica em cartaz durante o mês de outubro, no teatro
Gregório de Mattos, de quinta a domingo, às 19h. em cena, os consagrados atores
Lucio Tranchesi e Claudia di moura.
“O Galo” foi selecionado para a 9ª
edição do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC),
que será realizado de 25 a 30 de outubro.
Sessões de O Galo estão destinadas à mediação
cultural e serão realizadas nos dias 13 e 20 de outubro, às 19h, com
entrada gratuita. Após a encenação da peça haverá bate-papo com a plateia, com
a mediação de Poliana Bucalho. Podem participar escolas, ONGs, instituições
culturais e pessoas que se interessem, independente da vinculação a algum
grupo. O espetáculo O Galo foi contemplado pelo Edital Arte em Toda Parte
- Ano III, da Fundação Gregório de Mattos.
O GALO. O coronel aguarda, há muitos
anos, uma pensão como veterano de guerra (...) Agustin, o filho, morre em uma
suposta rinha de galos, na verdade ele distribuía panfletos contra a ditadura
imperante (...) o corpo dele foi desaparecido, deixando como herança para os
pais um galo de briga e com ele se instaura o sonho de que o animal servirá
para mudar a vida dos velhos assim que ganhar na próxima rinha, para tanto eles
precisam gastar o pouco que tem mantendo assim o animal vivo (...) Um galo, a
fome e um filho morto, conformam a herança que é legada a duas pessoas que em
situações extremas se debatem constantemente entre a razão e a paixão; entre a
necessidade objetiva de subsistir e a memória do ser amado.
“O Galo”, inspirado na obra Ninguém Escreve
ao Coronel, de Gabriel Garcia Márquez e no universo do escritor colombiano,
apresenta-se como um signo, mais do que como o próprio animal; pela sua
permanência o tempo todo no jogo cênico, na luta do dia a dia, nas ausências,
nas desaparições, nas carências, no validar da vida como um jogo de verdades e
incertezas, abrindo assim um leque de temas de discussão sobre a sociedade
atual, a vida e os nossos governos. - “Quando não conseguirmos mais
arranjar milho, teremos que dar nossos fígados para o Galo comer”” É a
fala mais contundente da mulher do coronel que mostra o amplo e múltiplo poder
desse Galo, que ainda sendo pequeno de estatura, comparado com o tamanho do ser
humano, é um animal poderoso, metaforicamente um ladrão, barganhador que leva
os mais humildes a ter de doar seus próprios órgãos para lhe oferecer alimento
segurando assim a sua raça de poder.
O Galo –em diálogo com o pensamento de
Gabriel Garcia Márquez- é um pulsar latino-americano, um protesto aos governos
ditatoriais, filhos tortos da nossa América Latina, é um grito contra a
burocracia que impera na hora de ressarcir aos mais idosos, é um lamento e um
punho fechado contra essa política suja, cruel e manipuladora que tenta isolar
e afundar novamente o nosso continente continuando a inverter valores no jogo
social, pois eles são os nossos empregados, mas atuam como se fossem os donos
daquilo que é de todos.
GABO E O REALISMO MÁGICO
Gabriel Garcia Marquez (1927 – 2014),
conhecido carinhosamente como Gabo, foi ensaísta, romancista, jornalista e
dramaturgo colombiano e destacou-se por ser um dos máximos expoentes do
realismo-mágico no século XX. As suas obras combinam muito bem o magico com as
realidades político-sociais das vidas cotidianas nos países latino-americanos.
O realismo mágico surgiu na segunda metade do
século XX, quando as ditaduras políticas surgiram e os escritores usaram a
palavra como ferramenta para denunciar as injustiças dos maus governos. As suas
narrações tem origem na cultura hispano-americana, sendo uma preocupação
estilística por apresentar o irreal ou estranho como algo comum e cotidiano. A
sua finalidade não é suscitar emoções, mas bem expressá-las. O escritor cria um
clima sobrenatural sem se afastar do real, deformando a percepção das coisas,
as personagens e os acontecimentos. Não tenta apresentar a magia como se fosse
real, mas a realidade como se fosse mágica. Existem elementos
mágicos/fantásticos tomados como normais pelas personagens. Presença do
sensorial como parte da percepção da realidade. O tempo se distorce para que o
presente seja repetido e pareça com o passado.
A repressão social e a censura dos governos
latino-americanos foram de grande inspiração para escritores como Garcia
Marquez, quem conseguiu implementar a crítica e denuncia social através do
realismo-mágico.
CARACTERISTICAS DO REALISMO FANTÁSTICO
Conteúdo de elementos mágicos ou fantásticos
percebidos como parte da “normalidade” pelos personagens;
Elementos mágicos algumas vezes intuitivos,
mas nunca explicados;
Presença do sensorial como parte da percepção
da realidade;
Os acontecimentos são reais, mas têm uma
conotação, pois alguns não têm explicação, ou é muito improvável que aconteçam;
O tempo é percebido como cíclico, como não
linear, seguido de tradições dissociadas da racionalidade moderna;
O tempo é distorcido, para que o presente se
repita ou pareça com o passado;
Transformação do comum e do cotidiano em uma
vivência que inclui experiências sobrenaturais ou fantásticas;
Preocupação estilística, partícipe de uma
visão estética da vida que não exclui a experiência do real.
GABO LATINOAMERICANISTA
A prazerosa denúncia dos governos corruptos e
burocráticos da América Latina, o confronto às ditaduras existentes e por vir,
a dor presente nos menos favorecidos e mais explorados do nosso continente,
fica presente nesta obra de Gabriel Garcia Marquez, que pela qualidade da sua
escrita e o desenhar dos espaços poderíamos considerar como um latino-americanista
que fala do continente sem deixar de falar da sua própria aldeia. Gabriel
Garcia Marquez denuncia com veemência o que até os dias de hoje são pesadelos e
distorções que acompanham o processo de transformação e crescimento do nosso
continente.
FICHA TÉCNICA
Concepção e Direção: Luis Alonso
Texto : Claudio Lorenzi
Atores: Claudia Di Moura e Lucio Tranchesi
Assistente de Direção: Mirella Matos Sales
Preparação vocal: Claudia Cunha
Cenário e Figurino: Zuarte Jr
Aderecista. Maria Barrero Troccoli
Iluminação: Rita Lago
Trilha Sonora: Luis Alonso
Programação visual e multimídia: Filipe
Bezerra
Sonorização e Video: Jeferson Souza
Fotografia: Mario Edson
Produção Geral: Benin Ortiz
Uma realização de Oco Teatro Laboratório e
Aude Produções Artísticas.
Assessoria de Imprensa – Doris Pinheiro – 71
98896-5016
Fotos – Mario Edson
SERVIÇO
Espetáculo “O Galo”.
Temporada de quinta a domingo até 23 de
outubro.
Teatro Gregório de Mattos,
Hora. 19 horas.
Valor R$ 30,00 / R$ 15,00 (meia)
Idade. 16 anos.
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