Cientistas estão
precisando de mais tecido cerebral, que permite estudar melhor algumas doenças
mentais Não que eles não sejam
inteligentes. É que eles precisam de mais tecido cerebral, que permite estudar
e entender melhor -- e talvez algum dia tratar -- doenças mentais,
assim como lesões na cabeça.
À medida que os
diagnósticos de demência aumentam, que mais atletas sofrem concussões e que
mais soldados retornam das guerras com lesões, a pressão para encontrar
tratamentos adquiriu uma nova urgência. A demanda dos
pesquisadores por tecidos cerebrais está aumentando e os bancos de cérebros
estão trabalhando para incentivar as doações.
Embora seja mais fácil
convencer os doadores que têm doenças neurológicas e que querem ajudar a
encontrar curas, seus cérebros precisam ser comparados em estudos com os de pessoas
saudáveis -- e os bancos precisam de mais exemplares dos dois tipos.
“Nunca é o suficiente”,
disse Thor Stein, professor assistente da Universidade de Boston que estuda o
mal de Alzheimer e
encefalopatia traumática crônica, conhecida por afetar boxeadores e outros com
repetidos traumas cerebrais. “Em termos de oferta de
cérebros estamos sempre no vermelho”.
Estudando células
cerebrais os cientistas descobriram deficiências na dopamina química no cérebro
de pacientes com Parkinson, o que levou a uma terapia que amplia os níveis e
melhora o controle motor. Foi assim também que
eles descobriram as placas cerebrais em portadores de Alzheimer, que agora são
foco do desenvolvimento de medicamentos.
Os médicos estão
reunidos nesta semana em Copenhague para discutir a pesquisa mais recente sobre
a doença que rouba a memória.
“Examinar os cérebros
de pessoas com uma doença é como examinar a cena de um crime”, disse David
Dexter, diretor científico do Banco de Cérebros de Parkinson do Imperial
College de Londres no Reino Unido.
“Sem banco de cérebros
não vamos curar o Alzheimer nem o Parkinson”. Escassez de cérebro. No Reino Unido, apenas
730 britânicos doaram seus cérebros para pesquisa no ano passado. A base
potencial era muito maior: cerca de 60.000 mortes foram diretamente
relacionadas à demência a cada ano no Reino Unido.
Não há estatísticas
sobre as doações de cérebros nos EUA, embora os pesquisadores digam que o
número está muito aquém do total necessário para acompanhar a demanda.
Existe uma relutância
em se desprender de um órgão que sempre foi visto como a morada da alma.
O Departamento de
Defesa dos EUA criou um banco de cérebros no ano passado para ajudar os
pesquisadores a explorarem as lesões dos soldados após seu retorno ao país. Meses depois, o
Instituto Nacional de Saúde dos EUA estabeleceu uma rede de compartilhamento de
tecidos para acelerar a pesquisa sobre esquizofrenia e esclerose múltipla.
Uma doação pode render
até 250 blocos de tecidos para uso em projetos de pesquisa, segundo o banco de
Parkinson do Reino Unido. O principal problema
para os bancos de cérebros é a falta de doações de exemplares sem sinais de
doenças. Apenas 10 por cento das doações vêm de pessoas saudáveis.
“Todos os bancos de
cérebros que eu conheço enfrentam problemas de escassez de cérebros saudáveis”,
disse Daniel Perl, que gerencia o Banco de Cérebros do Departamento de Defesa.
Dexter é mais direto: “Esses 10 por cento estão realmente sustentando as
pesquisas”. Em alguns casos há
preocupações religiosas, desencadeadas pela crença de que o corpo de uma pessoa
precisa permanecer intacto após a morte para garantir a vida após a morte.
Há um tipo diferente de
pós-vida para os doadores, disse Steve Gentleman, professor de neuropatologias
do Imperial College que trabalha com Dexter no banco de cérebros de mal de
Parkinson. “Se você doa, você vive para sempre”, disse ele.
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