31.07.2014
Os
objetivos que nós temos influenciam muito a nossa felicidade. E um novo estudo
do Instituto de Psicologia, Saúde e Sociedade da Universidade de Liverpool, na
Inglaterra, trouxe alguns esclarecimentos sobre esse tema.
Os
pesquisadores, liderados pela psicóloga Joanne Dickson, pediram a voluntários
com e sem depressão que fizessem uma lista de objetivos pessoais que gostariam
de alcançar em um prazo curto, médio e longo. Depois, os alvos foram
categorizados de acordo com quão específicos eram. “Ser feliz”, por exemplo, é
algo geral, enquanto algo como “escrever duas páginas de Word por dia” é um
alvo bem mais específico.
Os
resultados mostraram que, embora tanto os voluntários que tinham depressão
quanto os que não tinham a doença tenham listado o mesmo número de objetivos,
os depressivos listaram alvos que não só eram mais generalistas, mas
também mais abstratos. Além disso, esse grupo tinha propensão muito maior a dar
motivos não específicos para alcançá-los.
“Nós
sabemos que a depressão está associada a pensamentos negativos e a
uma tendência a generalizar demais a coisas, especialmente em relação a si
mesmo e às suas memórias do passado”, diz Joanne Dickson. “Este estudo,
pela primeira vez, mostrou que essa característica também engloba objetivos
pessoais”, completa.
O
problema disso é que ter metas muito amplas e abstratas pode manter e
agravar a depressão. “Nós descobrimos que faltava foco nos alvos que
as pessoas com depressão clínica listaram,tornando mais difícil a sua
realização e, assim, gerando cada vez mais pensamentos negativos”, diz a
autora. Não é difícil entender o porquê: metas ambíguas são mais difíceis de se
visualizar, o que, por sua vez, pode levar a uma redução da expectativa de
realizá-las – o que resulta em menor motivação. Em outras palavras: você não
sabe exatamente o que quer, nem por que quer, só tem uma
ideia geral. E esse negócio é tão nublado que você não consegue realmente se
ver lá, então se desanima e nem tenta muito. Só que aí, vendo que a coisa
realmente não está rolando como queria, você fica ainda mais desanimado – e vai
se esforçar ainda menos. O resultado é um ciclo de negatividade que só vai
piorando e, para os depressivos, é especialmente difícil escapar dele.
Para
os pesquisadores, esses resultados podem favorecer o desenvolvimento de novas
formas eficazes de tratamento da depressão. “Ajudar as pessoas deprimidas
a definir metas específicas e gerar razões específicas para a realização
do objetivo pode aumentar suas chances de realizá-los, o que poderia quebrar
esse ciclo de negatividade”, diz Dickson.
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