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quarta-feira, 10 de julho de 2013

MIRIAM DE SALES - A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO


Miriam de Sales
Editora/Escritora
Juro fiquei muito contente em saber que, Vargas Llosa, escritor peruano e ganhador do Nobel, conhecido por suas ideias liberais, no seu novo livro “A Civilização do Espetáculo,” um ensaio melancólico, esposa e faz chegar ao mundo, ideias muito parecidas com as minhas, sobre o fim da cultura como a conhecemos e vivemos.

Conhecido por sua aversão ao marxismo, o escritor, no entanto, cita obras de Debord, marxista e revolucionário, entre outros famosos autores e formadores de opinião como T, S.Eliot, um dos meus favoritos, para corroborar suas ideias a respeito do que ele considera a cultura do espetáculo”, a domesticação e mercantilização da cultura”, uma indústria cultural, incompatível com os valores que a nortearam nos bons tempos dos escritores não mercantilistas que escreviam pelo prazer de exibir suas ideias e formar opiniões.

Nesta nossa cultura, hoje, o mercado dita os valores, promove os escritores que lhe convém, as grandes editoras,mais do que nunca publicam de olho nas vendas e nem se importam de vender gato por lebre,pagar jornalistas para dizer que o ruim é bom e comprar listas dos mais vendidos em órgãos de imprensa venais, sempre dispostos a receber as migalhas que caem das mesas dos poderosos.

O resultado disto tudo é que a mediocridade se instala no nosso meio cultural e até escritores famosos e de bom conceito, prestam-se a escrever livros bizarros, a mando dos  seus editores, livros onde, nitidamente, são encaixados temas que, até o mais lorpa dos leitores percebe que foram inseridos ali apenas para cumprir o número de páginas.

Resumindo,segundo Llosa,”a cultura perdeu sua conexão vital  com a realidade, sua capacidade crítica e sua vocação transcendente” e eu acrescentaria, seu compromisso com o público, sua fidelidade á sua época, para transformar-se apenas em diversão tediosa, onde, poucos livros satisfazem, realmente, o gosto e interesse das massas.

Confesso que, há muito não leio um livro que me encha as medidas; e, confesso, também, o meu desalento por viver nesta era mercantilista, onde como o Ulisses  de Adorno, o público vai a concertos apenas para mostrar cultura e aplaudir a orquestra, mas, sem deixar que a melodia lhe  envolva e  penetre nos sentidos.

O certo é que, mesmo contra nossa vontade, o mundo gira e a fila anda levada pelos novos meios audiovisuais  - TV, internet, cinema – que subjugam a palavra e escravizam o pensamento.
A frivolidade das redes sensuais é uma prova inconteste de que estou certa, corroborada, agora, por um mestre da literatura, corajoso o suficiente para abordar tema tão delicado.
Os talentos mais puros existem, mas, está escondida nos seus recantos, sua arte literária escondida e envergonhada, dentro das pequenas editoras, dos livros independentes ou postados em sites literários, onde a mídia nunca os vê e as grandes editoras não se interessam porque não valem dinheiro.

Enquanto isto, o jornalismo vive de escândalos e fofocas, a literatura vive de Best- Sellers duvidoso, comprado em leilões milionários, no exterior, as artes plásticas estão infestadas de picaretas, a política vive da corrupção e a ausência de ideias e a pornografia reina soberana sobre a ternura e o erotismo sadio.
Mas, nem tudo está perdido e ainda se vê uma luz no fim desse túnel; os bons leitores ainda existem e  infensos a esses modismos, ainda procuram separar o joio do trigo.
Os livros de Dan Brown e daquela mulher cujo nome não sabe que escreveu “50 Tons de Cinza”, vendem muito mais que o próprio Llosa, no “Sonho do Celta” ou “Conversa na Catedral” ou mesmo “Cem Anos de Solidão”, de Marques, mas, nem por isso essas obras deixam de ser as mais importantes da nossa história literária e onde quer que exista uma pessoa amiga das letras, elas  , certamente, notarão a diferença entre a genialidade e o oportunismo.

Uma amostra   da nossa decadência cultural está nas Feiras e Festas literárias; o fracasso de Paraty, esse ano, mostra isso, embora ela seja o parque de diversões de paulistanos abastados e metidos a cultos; do Brasil, nenhum nome de sucesso, simplesmente porque não o temos, ou melhor, existem, mas, escondidos nos seus cantinhos como falei acima. Dos estrangeiros,poucos conhecidos do grande público ,que dá cor e alegria ás festas literárias.As próximas,sinceramente,não vejo um nome que me dê vontade de largar o conforto do meu lar e viajar para vê-los.Na Fliporto, apenas confirmado  o nome de Pilar Del Rio,por ser esposa de Saramago e ter trocado alguns e-mails com ela,anos atrás.Bem,fala-se na presença do Ariano Suassuna,mas,ele virá á Bahia...Esperemos.

Nas outras, menos votadas, continuam os mesmos convidados de sempre; as mesmas “estrelas” fabricadas pelos “donos” dessas festas que trocam figurinhas uns com os outros – leve-me para a sua  que lhe levo para a minha  –nesta ridícula dança de cadeiras que só mostra a imbecilidade nacional.

Frequentadora assídua dessas festas e feiras, assisti muitos voos de galinha, escritores que apareciam como promessas nacionais, mas, que um ou dois anos depois, nunca mais se ouvia falar deles. Pois,o verdadeiro talento é que vale e desponta mesmo no anonimato e no abandono.

Não vejo com alegria nem aplaudo a ganância do mercado que está sufocando a cultura; nem a inconveniente presença da mídia nas festas literárias que patrocina, manda e exclue talentos. Mas,quero ser uma das vozes que levantam esse tema tão traumático para os verdadeiros amantes da “Deusa Cadela” como D. H. Lawrence, profeticamente, tratava a Literatura.

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