Luísa Melo
Construir uma obra como a de Madre Teresa não é apenas uma questão de fé – e os
princípios de gestão que ela adotou podem iluminar também as empresas
Em tempos em que o papa Francisco visita o Brasil e arrasta multidões por onde
vai, é difícil não pensar em como a solidez de uma instituição milenar como a
Igreja Católica deve ser baseada em estratégias eficientes de gestão. A mesma
ideia ocorre para a ordem “Missionárias da Caridade”, fundada por Madre Teresa
de Calcutá.
Presente em mais de cem países, a organização arrecadou e investiu
bilhões de reais para ajudar os pobres.
Apaixonada por Madre Teresa, Ruma Bose chegou a trabalhar com a missionária em
1992, e decidiu, junto com o consultor financeiro Lou Faust, enumerar os
ensinamentos da madre para o mundo dos negócios.
Veja quais são eles, listados
de acordo com os capítulos do livro “Madre Teresa CEO”, dos dois autores:
Madre Teresa tinha o simples sonho de mudar o mundo profundamente, ajudando os
mais pobres. Ela começou com essa visão e criou um plano claro para torná-lo
realidade. Ela definiu claramente o que queria e foi buscar recursos e
apoiadores para o seu plano. Segundo o livro, visões genéricas demais são
difíceis de ser atingidas na vida pessoal ou em organizações e é aí que entra a
relação de Madre Teresa com os gestores. Já “falar com força” diz respeito à
necessidade de um líder de constantemente falar com paixão e convicção sobre
sua visão para a empresa e, claro, agir de acordo com essa visão.
Durante sua trajetória, Madre Teresa precisou lidar com vários “demônios”. A
missionária recebeu até mesmo críticas de que todo o dinheiro que ela conseguiu
arrecadar não poderia ter sido gasto apenas com a sua causa e teria sido usado
pela Igreja Católica para outros fins. Ela respondeu a tudo isso mantendo-se
firme naquilo que acreditava, porque seus anjos eram os pobres e seu objetivo
era ajudá-los. De acordo com o livro, líderes também precisam saber quais são
seus anjos e objetivos, saber onde traçar suas metas, seus princípios éticos.
Eles precisam se comprometer e ter a coragem de decidir quais acordos são
aceitáveis e quais não são. Um líder nem sempre fará as escolhas certas, e será
criticado por isso. É preciso saber lidar.
3 - Espere! E então eleja o seu momento
De acordo com o livro, o momento definitivo é aquele em que o pensamento muda
de “eu poderia” para “eu posso”, após um mundo de possibilidades de ideias.
Porém, não quer dizer que esse é necessariamente o momento de começar. Madre
Teresa sabia em seu coração que estava destinada a ajudar os pobres, mas ela
esperou até o momento certo para começar sua missão – ela levou cerca de vinte
anos para fundar a Missionárias da Caridade, pois sabia que não poderia
executar suas ideias dentro das organizações católicas existentes, era preciso
criar uma nova. Um de seus maiores desafios foi conseguir autorização da Igreja
para criar a ordem. Ruma Bose e Lou Faust afirmam que um gestor também precisa
eleger o seu momento para tomar decisões. Ele deve pensar se tem recursos
financeiros e humanos para atingir seus objetivos, se pode garantir a qualidade
e o serviço que os clientes esperam e se terá retorno, por exemplo.
4 - Acolha o poder da dúvida
Madre Teresa não só enfrentou, como abraçou as dúvidas e nunca deixou que elas
a fizessem desistir. Ela questionou até mesmo a fonte que a levou para seu
trabalho: a relação com Deus. O livro “Madre Teresa CEO” prega que quando ao
embarcar no desconhecido, é importante reconhecer e processar sentimentos de
dúvida. Dentro de uma empresa, isso seria traduzido na necessidade de um líder
de continuamente avaliar seu progresso rumo ao seu objetivo, revendo operações
financeiras e operacionais, sucessos e falhas e a satisfação de consumidores e
funcionários.
5 - Descubra a alegria da disciplina
Madre Teresa , tinha uma rotina pesada e, em um dia típico, visitava muitos
centros e gerenciava irmãs em cada um deles, mas sempre com alegria. Ela era
feliz com o trabalho diário e sempre estava sorrindo, ainda que fossem 6 horas
da manhã. Segundo o livro, a alegria começa com o entendimento de que a
disciplina é uma prática, e portanto precisa ser repetida para ser efetiva. A
alegria da disciplina entra como um empecilho ao tédio causado pela repetição e
impede a perda de foco o que, consequentemente, gera mais resultados.
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