Lúcida, feliz, poeta e apaixonada pela vida.
É assim que Esther Camurça, nascida em 1920, se descreve. Aos 93 anos ela ainda
escreve poemas e tem três livros publicados. Esther mora sozinha na cobertura
de um prédio no bairro do Espinheiro. Ao lado mora uma de suas filhas, de 65
anos, mas D. Esther não gosta da ideia de se sentir vigiada. “Eu tenho demais
senso de liberdade”, diz justificando com o fato de ter nascido em uma cidade
chamada Redenção, no Ceará. “O nome é porque ali foi o primeiro lugar a
libertar os escravos e acho que esse sentimento foi passado para mim”, explica
a poetiza.
Vaidosa e de hábitos excêntricos, Esther toda
manhã toma banho de sol na varanda do seu apartamento. “O prédio da frente está
desabitado, então eu sento aqui nesta cadeira, tiro a roupa e pego o sol
todinho (sic)”, confidencia D. Esther. No quarto, uma coleção de chapéus que
põe sobre sua cabeça raspada. Os cabelos ela tirou por opção e confessa que
gosta de se sentir observada na rua. “A gente não perde a feminilidade
envelhecendo não. Pelo menos eu, estou inteiraça (sic)”, brinca a poetiza.
Óculos grandes e lenços coloridos completam o visual da jovem senhora.
A vaidade de D. Esther não está só nos
cuidados com a aparência, mas também nas palavras. Ela fala orgulhosa do
parentesco com Raimundo Teixeira, criador da bandeira nacional. “É primo
legítimo da minha mãe e isso me envaidece muito”, disse orgulhosa. Ela ainda
sugere para os que não se recordam do nome do parente famoso: “coloca na
internet pra ver”. O computador divide a estante com o toca-discos.
Aos 93 anos, Esther nem pensa em esperar
parada a vida passar e todo dinheiro que junta, quer gastar em viagens. Com
memória de fazer inveja, D. Esther recita poemas antigos sem esquecer nem uma
palavra. Sobre a curiosidade que a imagem dela desperta ela declara: “Muitos
devem se perguntar o que uma velha de 93 anos tem dentro de si. Eu digo que
tenho desejos fortes, e muitos sonhos”.
Veja vídeo:
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