Segundo a nova legislação, os canais pagos são obrigados a exibir 3h30 semanais de produção nacional, sendo metade disso de origem independente, no horário nobre.
Atrações nacionais como o infantil 'Meu Amigãozão' perdem espaço na grade para produções reprisadas. Falta de agilidade da Ancine seria uma das queixas de produtores independentes |
O volume de cenas brasileiras exibidas no horário nobre da TV paga no
Brasil quadruplicou em um ano. O cálculo é do presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Manoel Rangel, que
apresentou na quinta-feira, 21, um balanço dos seis primeiros meses da lei
12.485. Segundo a nova legislação, os canais pagos são obrigados a exibir 3h30
semanais de produção nacional, sendo metade disso de origem independente, no
horário nobre.
A cota ainda não vem sendo cobrada na íntegra - até setembro, a
exigência será de 2h20, para permitir que programadoras, produtoras e
operadoras se planejem para cumprir todo o pacote a partir de então.
Rangel,
que deixa o cargo em maio, abrindo a bolsa de apostas para sua sucessão, falou
a uma plateia de produtores, distribuidores e programadores de TV, brasileiros
e estrangeiros durante
o segundo dia da Rio Content Market, evento realizado pela Associação
Brasileira de Produtoras Independentes (ABPITV).
Ele
celebrou “o bom momento” do audiovisual nacional como oportunidade para a
expansão da imagem do Brasil mundo afora. “Pela primeira vez, passamos a ter no
país uma demanda real por produção independente.” Mas ele não sabe ainda
mensurar em quanto de fato a nova lei acelerou a produção nacional do setor.
Muitos canais ainda recorrem a reprise de filmes não inéditos e a reprises
de programas além do normal para preencher as cotas, o
que o presidente da Ancine não ignora.
“Continuamos recebendo queixas sobre reprises e consideramos essa uma questão sensível”, disse. “Sabemos que há uma margem de reprises que é comum ao conjunto desses canais, mas estamos atentos a distorções e à necessidade de se abrir um processo disciplinador, se for o caso.”
Embora tenha celebrado o resultado da nova legislação como grande avanço para a indústria da produção independente brasileira, Rangel não escapou de ser cobrado por maior agilidade da Ancine na aprovação dos projetos. A queixa não é inédita, mas sempre esteve mais presente no discurso dos programadores internacionais resistentes à nova lei, e ontem partiu do lado mais favorável às cotas: um produtor independente.
Foi André Breitman, da produtora 2DLab, que entre outros títulos assina a animação 'Meu Amigãozão' para a Discovery Kids, quem citou o problema. Breitman falou sobre o interesse crescente do mercado nacional e internacional em torno do audiovisual brasileiro, em função de Copa e Olimpíada no País, e do risco de o setor perder esse bonde por falta de ritmo da Ancine. “Se a Ancine não conseguir melhorar a agilidade na aprovação dos projetos, podemos perder uma das melhores oportunidades que já tivemos no Brasil”, disse o produtor.
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