Exibida com
apelidos que variavam entre “mulher mais feia do mundo” e “macaca humana”,
Julia Pastrana passou a vida toda como atração nos chamados “freak shows” do
século 19.
Ela morreu em 1860 e seu corpo mumificado continuou sendo atração. Depois de muita treta, os restos de Pastrana poderão ter um enterro digno de um ser humano, no lugar onde ela nasceu, 153 anos depois de sua morte.
Depois de ter sido
exposta como uma bizarrice por toda sua vida, a mexicana Julia Pastrana — que
nasceu em 1834 — finalmente pode ter um enterro digno. Julia nasceu com uma
série de síndromes que fizeram com que ela tivesse pelos em várias partes do
corpo, orelhas e gengivas protuberantes.
Após sua morte, em
1860, na Rússia, seu corpo e o de seu filho, ainda bebê, foram mumificados e
ficaram expostos na Universidade de Oslo, Noruega. Por anos o governo do México
lutou na justiça para conseguir repatriar Julia. Só agora, em 2013, que a múmia
de Pastrana voltou para sua terra natal.
Foi realizada uma
missa em homenagem a Julia. Seu corpo foi enterrado no cemitério da cidade ao
som de uma banda tradicional.
No século 19, os
“freak shows” (Circos dos Horrores) eram atrações incrivelmente populares.
Neles, pessoas com deformidades eram apresentadas como atrações ao grande
público. Foi dessa forma que Julia Pastrana foi exposta durante quase toda sua
vida.
A “mulher macaco”,
como ficou cruelmente conhecida, sofria de hipertricose (que fazia com que ela
tivesse pelos espalhados pelo corpo) e hiperplasia gengival (que dava
características simiescas às suas gengivas e orelhas).
Famosa pelo título de “mulher mais feia
do mundo”, aos 20 anos, Julia foi levada para os Estados Unidos para ser estudada
por especialistas norte-americanos e noruegueses.
Por mais que os freak shows sejam controversos, eles serviram
para gerar bastante grana para Julia, que percorreu diversos Estados americanos
e países da Europa.
Em suas apresentações, ela cantava,
dançava e era exibida como uma anomalia da natureza. Era essa a pegada que os
freak shows davam às suas atrações.
Ao contrário do que a sua aparência
pudesse sugerir, Julia era uma pessoa sensível e muito feminina, sua
inteligência estava acima da média e ela era fluente em três idiomas. O sonho
de sua vida, como o de tantas mulheres, era o de experimentar a maternidade.
Julia casou-se Theodore Lent, que trabalhava como seu
“empresário”. Na real, Lento foi o cara que “comprou” Julia de uma mulher que
dizia ser mãe dela. Com ele, a mulher foi levada para se apresentar em palcos
por toda a Europa.
Foi durante uma turnê pela Rússia, Julia
viu seu sonho mais próximo da realidade: ela ficou grávida.
Os médicos alertaram: seu quadril
era muito estreito para aguentar uma gravidez e, assim sendo, ter um filho
significaria correr risco de morte. Animada com a gravidez, Julia não quis
saber e preferiu arriscar. Em 1860, ela conseguiu realizar seu sonho e seu
filho nasceu em Moscou, Rússia.
As coisas, entretanto, não saíram exatamente como Julia sonhara.
Seu filho nasceu coberto de pelos e com os mesmos traços faciais que ela. Fruto
de um parto complicado, o menino não aguentou e morreu horas após o parto. O
choque foi demais para a pobre Julia. Cinco dias após o parto, ela morreu
também.
Lent, que
não era exatamente um modelo de bom marido, fez o quê? Mandou mumificar
ambos os corpos — tanto o de Julia quanto o de seu filho — e passou a exibi-los
em feiras e museus. Em uma dessas exposições, inclusive, os corpos foram
roubados. Quando foram encontrados pela polícia, a múmia do filho ficou
gravemente danificada e a de Julia teve de ser restaurada.
Foi através de movimentos pela repatriação de múmias e objetos de
países colonizados que, em 2013, a múmia de Julia Pastrana finalmente encontrou
descanso em solo mexicano. Depois de ter sido abusada e explorada em vida — e
depois da morte também! — ela encontrou finalmente a dignidade. Dignidade que
havia sido roubada dela por 150 anos. Descanse em paz, Julia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe, opine, colabore, construa. Faça parte desse "universo".