Almir Tosta
Segundo analistas das políticas do Vaticano, o Papa
Bento XVI foi dominado e teve seu Pontificado sob controle de um complô de
Cardeais, em típicas práticas de conspiração.
Uma Cúria ambiciosa e hipócrita fomentava delações,
traições, operações e manobras de privilégios, frente Instituições religiosas.
As finanças do Vaticano e contas da Santa Sé viraram um labirinto de corrupção
e lavagem de dinheiro que chegou até a envolver a Máfia Italiana.
Suas origens remontam ao final dos anos 80, quando a
justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o Arcebispo norte americano
Paul Marcinkus, o chamado Banqueiro de Deus, que no tempo de João Paulo II, era
responsável pelos investimentos do Vaticano. Dois anos após estourar tal
escândalo, Roberto Calvi, Presidente do Banco Ambrosiano, é encontrado
enforcado com o corpo pendurado numa ponte em Londres, num suposto suicídio,
embora não se descarte a possibilidade de um assassinato, numa típica operação
de “queima de arquivo”.
Esses fatos expuseram uma imensa trama de corrupção
que incluía além do Banco Ambrosiano, uma Loja Maçônica, conhecida pela sigla
P-2 e o IOR de Marcinkus, que fazia a gestão financeira, com operações ilícitas
e secretas de lavagem de dinheiro, que tinha até envolvimento com Matteo
Messina, o poderoso chefe da Cosa Nostra siciliana, em depósitos por meio de
laranjas.
Joseph Ratzinger ao suceder João Paulo II, recebeu de
legado, essa herança. Sua política seguiu uma doutrina ortodoxa e pragmática,
de natureza conservadora e reacionária ao redigir e promulgar vários textos
religiosos, condenando a Teologia da Libertação.
Responsável pelo texto Evangelium Vitae e o Splendor
Veritas, juntamente com Wojtyla, de visão e cunho reacionário da Igreja sobre
questões políticas, sociais e científicas, que colocava a Igreja em virtual
descompasso com o mundo moderno. Tais doutrinas remetiam a Igreja ao atraso da
Idade Média.
Na época, a Igreja chegou a ter correntes
ultrarreacionárias de natureza fascista, encabeçada pelo Monsenhor Levébvre,
que legitimou no seio da Igreja, políticas retrógradas de ultradireita das ditaduras
de Pinochet e Videla.
Além disso, no seu Pontificado, a Igreja se manteve
silente, acobertando inúmeros escândalos de naturezas sexuais de padres que
praticavam a pedofilia, cabendo no caso, a expulsão e excomunhão de tais
religiosos e sua entrega à justiça comum, para julgamento por prática de um
crime hediondo.
Quando vazou para a mídia mundial, os informes
elaborados por um grupo de Cardeais, de vocações leais ao Papa, de que o
Vaticano era um abismo de corrupção, finanças obscuras e disputa de poder, a
Cúria, contratou um membro da Prelazia Opus Dei e ex-integrante da Agência
Reuters, da Revista Time e da Cadeia Fox, Greg Burke, para mudar e melhorar a
imagem completamente deteriorada do Vaticano.
A divulgação dos documentos secretos, que foi operada
pelo mordomo do Papa, Paolo Gabriele, continha provas documentais
comprometedoras do poderoso Secretário de Estado, Tarcísio Bertone, envolvido
numa conspiração para levar Bento XVI à renúncia e colocar em seu lugar, um
italiano. Essa luta interna de traição e manobras em curso, os chamados
Vatiléaks, jogou por terra a tarefa confiada a Greg Burke, de recuperar e
melhorar a imagem do Vaticano.
O Papa em certo momento tornou-se reticente, temeroso
e totalmente fraco, para enfrentar tal dominação.
Operações fraudulentas e corrupção no Banco
Ambrosiano do Vaticano, escândalos sexuais de padres pedófilos, as conspirações
da Cúria, a divulgação de documentos secretos, as dificuldades no exercício de
seu Pontificado, mais do que contendas teológicas, deterioraram a imagem da
Igreja, comprometendo a ética e a moral de sua hierarquia. Esses fatos e
elementos, atuando nos bastidores de uma conspiração secreta, contribuíram e
foram talvez os motivos da renúncia de Bento XVI.
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