A atriz Mariel Hemingway espera que ir a público em um documentário sobre a maldição que assolou sua família irá finalmente dissipar o mistério que cerca sua luta contra a dependência, e contribuir para a conscientização a respeito das doenças mentais.
Mariel Hemingway divulga filme no festival de Sundance (Foto: Benjamin Cohen/AP) |
Durante anos Mariel ignorou problemas com
alcoolismo, dependência e doenças mentais que afetaram sua família, levando
vários parentes ao suicídio.
Seu avô Ernest, ganhador do Nobel de Literatura, se
matou em 1961, meses antes do nascimento dela. O pai dele também havia se
matado com um tiro.
Uma das irmãs de Mariel, Margaux, morreu de
overdose em 1996, aos 42 anos, e sua irmã mais nova, Joan, há uma década entra
e sai de clínicas de reabilitação.
Mariel, de 51 anos, que chegou à fama no filme
"Manhattan", de Woody Allen, também enfrenta seus próprios demônios -
no caso, a depressão.
Mas ela espera que falar abertamente a respeito da
suposta "maldição dos Hemingway" - tema do documentário chamado
"Running from crazy" ("fugindo da loucura") ajudará outras
pessoas a confrontarem transtornos mentais em suas próprias famílias.
"Nunca senti que isso fosse uma maldição, mas
definitivamente eu queria uma vida normal", disse a atriz à Reuters na
quarta-feira (6), em Londres, onde assistiu à estreia da peça
"Fiesta", baseada no romance "O sol também se levanta", de
Ernest Hemingway.
"Há escolhas de vida que você pode fazer que
podem alterar o curso da sua vida. Fui capaz de fazer isso por meio da comida
que como, do que eu bebo, do que eu faço cotidianamente. Consegui encontrar um
equilíbrio."
O documentário, que estreou no mês passado no
festival de cinema de Sundance (EUA), aborda o turbulento casamento dos pais
dela e suas conturbadas relações com as irmãs. O filme inclui imagens de
Margaux, modelo e atriz, cuja morte Mariel só em 2003 admitiu ter sido um
suicídio.
"Fazer esse documentário acabou sendo muito
terapêutico", disse ela. "Só recentemente percebi que havia ficado
deprimida por muito tempo, e estou finalmente feliz."
Mariel disse que o histórico da sua família fez com
que ela se empenhasse em conscientizar suas duas filhas e outras pessoas sobre
questões como suicídio e saúde mental.
"A doença mental, especialmente nos Estados
Unidos, ainda é tabu. Tomara que ver o que minha família passou ajude as
pessoas a falarem sobre essas questões."
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