Perceber sons quando não
há nada por perto que possa gerá-los não é normal e, ao contrário do que
comumente se pensa, tem tratamento sim!
Poucas sensações são tão desagradáveis. Imagine não ter
direito ao silêncio. É nessa condição que vive 17% da população mundial: com a
sensação de um zumbido intermitente, sem que haja qualquer fonte sonora física
por perto. Essa percepção de um som que “não existe” não é uma doença, mas
antes um sintoma. Um problema que pode ocorrer por um sem-número de causas e
que hoje é considerado passível de cura. A outra opção é não tratar e conviver
com alterações de humor e o agravamento de patologias, no caso de quem sofre de
diabetes e hipertensão, por exemplo. Há registros de pessoas levadas ao
suicídio dado o grau de irritabilidade e depressão causado por esse problema.
Devido à grande associação com diversas patologias, o
zumbido - como é cientificamente chamado esse “som” - pode servir como sinal de
alerta na descompensação das doenças metabólicas de grande impacto na
população, a exemplo de hipertensão, diabetes, dislipidemias, hipo ou
hipertireoidismo, entre outras. O zumbido tem ainda grandes repercussões na
comunicação humana, principalmente nos pacientes que tiveram perda auditiva
causada pelo envelhecimento ou por outros fatores, e, também, nos portadores de
doenças auditivas ocupacionais.
Seu diagnóstico representa um passo importante na prevenção das patologias citadas acima e seu tratamento é fundamental para a melhoria da qualidade de vida da população. Tanto um quanto o outro devem ser atribuição do otorrinolaringologista. Mas, devido à multiplicidade de causas, torna-se necessário uma ação multidisciplinar, que inclui avaliação e, quando necessário, tratamento, nas áreas de medicina interna, psicologia, fisioterapia, radiologia, terapia ocupacional, odontologia etc.
O assunto é tão importante que tem até um prêmio
específico para trabalhos científicos: o Jack Vernon Award - que tive o prazer
de receber em março deste ano, pelo estudo multicêntrico que desenvolvi
juntamente com uma pesquisadora brasileira e duas australianas. Concorremos com
outros 94 trabalhos de todo o mundo.
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