Tecnologia permite uma visão
panorâmica sem qualquer distorção e o registro, simultâneo, do movimento em
várias direções
Cientistas europeus criaram um olho artificial inspirado
no das moscas drosófilas. Nos insetos, o olho é composto por centenas de
detectores de luz e permite que o animal acompanhe, simultaneamente, uma série
de movimentos rápidos em várias direções. O dispositivo artificial deve
oferecer a cientistas e engenheiros uma visão panorâmica sem distorções. O
estudo que descreve a tecnologia foi publicado nesta segunda-feira no PNAS,
periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
A maioria das pesquisas feitas até agora com o intuito de
criar um olho artificial como esse esbarravam na dificuldade de alinhar com
precisão os detectores de luz e as microlentes sobre uma superfície curva de
180 graus. Desta vez, os pesquisadores superaram este problema ao desenvolver
um olho composto de três camadas: lentes microscópicas, detectores de luz que
imitam os circuitos neurais da mosca e um circuito embutido flexível, que
permite programar o tratamento dos sinais luminosos. Todas as camadas são
encurvadas, cortadas e organizadas de modo a criar um mecanismo compacto e
flexível.
O protótipo, denominado CurvACE (Olho Composto Curvo
Artificial, na sigla em inglês), produz uma visão panorâmica sem distorções e
em alta definição, capaz de se adaptar às diferentes intensidades de luz do
ambiente.
Visão eletrônica — O protótipo busca simular ao máximo a visão da mosca, que se
baseia em um conjunto de múltiplas imagens que permitem acompanhar os mínimos
movimentos, oferecendo um campo de visão amplo, com uma profundidade maior do
que o olho humano ou qualquer câmera atual permitem.
Segundo seus criadores, a tecnologia pode ter diversas
aplicações técnicas, principalmente em sistemas de detecção tridimensional,
como para evitar colisões em solo ou no ar. O dispositivo CurvAce, por exemplo,
já está sendo aplicado em alguns robôs aéreos, como drones, e em câmeras de
vigilância e segurança.
Os criadores da tecnologia dizem que o olho artificial é
ainda mais versátil e que bastaria juntar dois destes dispositivos, um de
costas para o outro, para obter uma visão de 360 graus.
O CurvACE foi concebido por cinco equipes de pesquisa
europeias, entre elas uma de cientistas da Escola Politécnica Federal de
Lausanne, na Suíça, e outra do Instituto de Ciências do Movimento, ligado ao
Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS/AMU) francês.
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