TIPOS
POPULARES DA VELHA BAHIA
PROFESSOR
GUSMÃO
Miriam
de Sales
Não
foi do meu tempo, pois essa estória é bem antiga, dos tempos da minha avó.
Ninguém
conhecia sua origem, profissão ou educação, mas, era chamado
professor, por toda gente. Talvez devido á sua grande erudição.
De
tudo sabia, discorria sobre qualquer assunto, de política á vida alheia.
O
certo é que, apesar de aluado tinha o respeito da comunidade, pois o baiano
admira o saber.
Minha
avó o descrevia como um tipo alto, canhestro, sempre com um livro debaixo do
braço.
Assim
percorria toda a cidade sempre falando e discursando coisas sem
nexo ou dizendo bobagens, ás vezes com algum fundo de verdade.
Adorava
os festejos de Dois de Julho.
Subia
sem cerimônia no palanque armado no Largo de Santo Antonio batendo
palmas, recitando versos de sua autoria ou narrando fatos históricos onde
louvava nossos heróis com reverencia e denodo.
Mas,
do que ele gostava mesmo era de polemizar sobre literatura. Comprava muita
briga e não respeitava patente.
Aproveitava
o espaço que Aloísio de Carvalho, o famoso Lulu Parola (poeta satírico dos
melhores desta terra), lhe dava no seu importante Jornal de
Notícias para provocar outros poetas iguais a ele, chamados “poetas de
água doce” que era como o povo denominava os maus poetas. Nesta terra de
Gregório de Matos, Castro Alves e Artur de Salles as pessoas não tinham muita
paciência com versos de pé quebrados, como se dizia.
Sua
discussão com Manoel Tolentino, outro poeta de rua, ficou famosa.
O
Tolentino publicou no jornal esses versinhos contra o Professor:
A
onça, bicho feroz,
Que
tudo come ou devora
Pegou
professor Gusmão,
Mastigou
e. jogou fora.
Exasperado,
o Professor nunca perdoou o colega e o perseguiu com versos até o fim da
vida.
AVENIDA DENDEZEIROS DO BONFIM
Num
trabalho produzido para as Obras do Porto, J.F. da Silva Lima justifica este
nome “pelo excesso de palmeiras desta espécie, dendezeiros, plantada em toda
extensão da Avenida, uma das principais da Cidade Baixa, por onde passa a
Lavagem do Bonfim”.
Foi
conhecida, também, com o Caminho de Roma, Caminho dos Dendezeiros etc.
“
Batizada, oficialmente, como Avenida Bonfim, esse nome nunca “pegou”, porque,
como dizia Afrânio Peixoto,” as ruas é que punham outrora a si próprias, os
seus nomes...”
http://abahiadeoutrora.blogspot.com.br/
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