O documentário "A luz do Tom", de Nelson Pereira dos Santos, é um complemento ao "A música segundo Tom Jobim", codirigido por Nelson e Dora Jobim.
Tom Jobim e Frank Sinatra, em foto de arquivo da revista Manchete (Foto: Divulgação) |
O documentário "A luz do Tom", de Nelson Pereira dos
Santos, é um complemento ao "A música segundo Tom Jobim", codirigido
por Nelson e Dora Jobim. No filme lançado no ano passado, o foco era a música
do compositor e maestro brasileiro, morto em 1994. Gravações famosas e
raridades compunham um panorama da carreira de Jobim, que começou nos anos 1950.
Como o próprio Nelson anunciou no lançamento do longa anterior,
este segundo documentário segue um estilo mais convencional, com entrevistas.
Juntos, os filmes formam um díptico, estabelecendo um diálogo entre a vida e a
obra do músico. Baseado na biografia "Antonio Carlos Jobim - O homem
iluminado", da irmã dele, Helena Jobim, o longa se propõe a fazer um
retrato intimista do músico por meio do depoimento das três principais mulheres
de sua vida
A primeira entrevista é da própria Helena, que relembra a infância
e juventude, na Lagoa e Ipanema, quando o casal de irmãos dividia um piano.
Usando um chapéu de Tom enquanto dá seu depoimento em praias de Santa Catarina,
ela conta curiosidades, como o fato de seu irmão ter nascido com a ajuda da
mesma parteira de Noel Rosa. É ela quem revela a dedicação de Tom, que chegou a
estudar arquitetura, mas abandonou por sua paixão musical.
Já Thereza Hermanny, que foi casada com Tom de 1949 a 1985,
recorda os primeiros anos da carreira do músico, suas horas de dedicação ao
trabalho, a parceria com Vinicius de Moraes e quando os Estados Unidos o
descobriram. Ela confessa que achou que ele ficaria lá por algumas semanas, mas
a permanência acabou prolongando-se por muitos meses, o que a obrigou a
mudar-se temporariamente para lá, para ficar ao lado do marido, que se tornara
um músico famoso.
Com Ana Lontra Jobim, sua segunda mulher, Tom também estabeleceu
uma parceria profissional. Ela é fotógrafa e juntos fizeram alguns livros, nos
quais ele assinava o texto e ela as imagens. Além de contar episódios do namoro
dos dois, é Ana quem fala do Tom na maturidade, em profundo contato com a
natureza -- tema, aliás, do trabalho dela.
O depoimento de Thereza foi gravado na Região Serrana do Rio,
enquanto o de Ana, no Jardim Botânico carioca -- ao qual Tom se referia como
"o jardim de sua casa". Dessa forma, a natureza está sempre presente
ao longo do documentário. Os sons de aves, do vento, do mar servem de fundo
para os depoimentos, enquanto as imagens casam com perfeição com trechos de
músicas do compositor.
Cineasta veterano, conhecido por longas como "Rio 40
graus" (1955), "Vidas secas" (1963) e "Memórias do
cárcere" (1984), Nelson assinou dois documentários sobre Sérgio Buarque de
Holanda (ambos de 2003) e, agora, vê em Tom Jobim uma fonte para estes dois
longas, cujos roteiros foram assinados pelo diretor e Miúcha Buarque de
Holanda, filha de Sérgio, irmã de Chico, e que também foi amiga de Tom Jobim.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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