Uma peça diferente, bonita,
cheia de personalidade e com um precinho amigo. Conheça o conceito de brechó
que vem caindo no gosto do soteropolitano
A ideia de dar novos destinos àquela
peça que já não lhe serve tem outros nomes e uma tradição forte fora do país –
mercados das pulgas são os queridinhos das alemãs enquanto as americanas curtem
mesmo uma boa loja de garagem. Em Salvador, os brechós estão cada vez mais
populares e conquistam a clientela a partir de diferentes apelos.
“A procura aumenta porque a mentalidade do
público baiano está mudando”, diz o empresário Carlitos Brasil que há sete anos
é dono de um charmoso brechó no bairro do Rio Vermelho, o Sarastro Café.
Carlitos acredita que o aumento da procura por brechós está intimamente ligado
a um amadurecimento no que diz respeito à responsabilidade social, tudo isso
acelerado pelas crises econômicas e de recursos naturais. O jovem colocaria na balança:
de um lado a nova roupa da estação e de outro o impacto na natureza e no bolso
– o que pesa mais?
Pensando por esse viés, a estudante Lara
Dias, 20, já não se importa em adquirir roupas usadas e diz que o importante é
saber garimpar. “Sempre encontro roupas legais e em bom estado. Roupas antigas
que eu posso misturar com o guarda-roupa e criar um look diferente”, destaca. É
essa mesma procura pelo look perfeito que leva o também estudante Kinthino
Andrade a uma verdadeira peregrinação pelos brechós no centro da cidade. “Eu
procuro por peças que não vou encontrar num shopping. É a ideia do vintage,
de uma roupa com personalidade e de um preço bem inferior ao do mercado”.
Atire a primeira pedra – A advogada
Édille Ribeiro, 22, ainda não se rendeu aos encantos de um bom brechó, mas se
diz convencida de que essa é, sim, uma boa opção ao consumo desenfreado. Édille
se ressente apenas de uma vulgarização do conceito. “O bacana é encontrar peças
interessantes, mas isso se perde no momento em que as pessoas pensam que lojas
como essas funcionam apenas para escoar as roupas que já não servem pra ninguém
ou o guarda-roupa daquele parente falecido”.
Pensando fora da vitrine – A mudança na
mentalidade que Carlitos Brasil chama atenção no início da matéria, fica mais
clara nas motivações da estudante de Biologia Juliana Santana, 21, que enxerga
o brechó como “uma cultura de resistência”. A estudante – que encontrou no
brechó uns óculos que teriam pertencido à atriz Brigitte Bardot – afirma que se
sente atraída pela ideia de encontrar coisas diferentes da tendência da
estação, mas que o que realmente a conquista é a personalidade de cada peça e a
responsabilidade pelo social. “Eu acho interessante a reutilização: o que não
te serve mais pode servir para outra pessoa. E assim você deixa de
retroinvestir nas indústrias têxtil e de montagens de peças, que estão entre as
que mais poluem e escravizam ainda hoje”.
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