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sábado, 24 de agosto de 2013

VALE A PENA REVER - CULTIVAR EMPATIA É O CAMINHO PARA A SOCIEDADE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL



O painel “Empatia e Cuidado: paradigmas da nova civilização” foi mediado pela jornalista Renata Ceribelli 

Você já ouviu falar em empatia? Ainda muito pouco estudado no Brasil, o termo faz referência à capacidade do ser humano de se co Renata Ceribelli

locar no lugar do outro. Um dos precursores do debate a respeito da importância de cultivar o cuidado com o próximo na sociedade do desenvolvimento sustentável, o teólogo Leonardo Boff esteve nesta sexta (15) no Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia, evento paralelo à Rio+20, para abordar o tema ao lado de outros dois especialistas: o educador colombiano Bernardo Toro e Anamaria Schindler, da Ashoka Global.

“Desde o século 16, a sociedade é guiada pelo paradigma da conquista. Nos apropriamos das terras, dos povos, do planeta inteiro, mas conquistamos devastando. Esse modelo nos trouxe grandes vantagens – como a invenção do antibiótico –, mas também criou uma máquina de morte, que coloca a vida do planeta em perigo. Por isso, não há mais espaço para esse paradigma no mundo. A conquista deve dar lugar à empatia”, disse Boff. 

Toro, que inclusive é um grande estudioso de Boff, concorda com o teólogo e acredita que no futuro só haverá espaço para os líderes políticos que também partilham dessa visão. “O paradigma da conquista e do poder nos faz crer que a inteligência é um bem privado que deve ser usado para crescer sozinho. Não é. Os líderes do futuro serão os empáticos, que sabem pedir e oferecer ajuda. Esses são os mais inteligentes. Os que criam redes emocionais em todos os setores”, afirmou o educador colombiano.

Mas como preparar a sociedade para esse futuro? Os debatedores da mesa foram unânimes em dizer que a resposta está na educação  dada pela família e pela escola. “Já foi comprovado pela neurociência que a empatia é acionada pelo hormônio oxitocina e que essa ativação ocorre nos primeiros meses de vida do bebê. Ou seja, um neném cuidado, alimentado e acarinhado pelos pais provavelmente terá mais capacidade de desenvolver empatia e não ver as coisas, apenas, pela sua perspectiva quando crescer”, explicou Anamaria Schindler.

“Mimar” os filhos, no entanto, não é a única obrigação dos pais. “É preciso disciplinar a criança, mas não no sentido de castigar. Desde cedo é necessário mostrar a ela que qualquer ação sua provoca uma reação no outro, de alegria ou dor”, ensinou Toro, que ainda destacou a importância da escola neste processo. “Os atuais modelos pedagógicos não formam para a empatia. Pelo contrário, geram competição, vontade de querer ser melhor do que o outro. É preciso uma grande mudança no sistema educativo, instituindo um modelo pedagógico que incentive o trabalho cooperativo, em grupo”, acrescentou.

“E para os ‘crescidinhos’ não há mais solução?”, questionou a plateia. Achando graça, Boff respondeu: “Devemos nos exercitar, diariamente, para ser mais franciscanos e nos colocar no lugar do outro, seja ele um desconhecido ou irmão. Quando alcançarmos o paradigma da empatia, estaremos prontos para expandir essa sensação de cuidado para a natureza e, também, para a mãe Terra. Sim, porque devemos ver a Terra como mãe e não como um baú de recursos. Esse é o caminho para a sociedade do desenvolvimento sustentável”.
Foto: Marina Maciel





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