Uma advogada e uma estrela de TV
estão à frente de uma campanha na Itália para que seja criado um salário para
as donas de casa do país. O objetivo é impedir que mulheres deixem de registrar
casos de violência doméstica por medo de perder sua renda.
A iniciativa é liderada pela
advogada e ex-deputada federal Giulia Bongiorno e pela conhecida apresentadora
de televisão Michelle Hunziker. Elas argumentam que muitas mulheres italianas
não registram casos de violência por parte dos maridos porque são
economicamente dependentes de seus cônjuges.
A campanha quer criar um salário
mínimo para donas de casa que não trabalham fora. A remuneração seria paga pelo
governo ou pelos próprios maridos, no caso deles terem uma alta renda mensal.
Na Itália há um número estimado de 5 milhões de "casalinghe", ou donas
de casa.
"Quanto mais se valoriza as
mulheres, mais se reduz a discriminação", defende Giulia Bongiorno, que
como deputada foi uma das responsáveis pela introdução de uma lei que pune a
perseguição a mulheres. Segundo ela, o medo de cair na miséria impede muitos
registros de violência doméstica.
A iniciativa não cita um montante
fixo para a remuneração, mas diz que quanto maior a autonomia econômica,
melhor. "É claro que vão ridicularizar a proposta e vão lembrar que o país
está em crise", diz Bongiorno. "Mas nós devemos nos perguntar:
afinal, quais são as reais prioridades do governo?
"
'Defesa'
Bongiorno e Hunziker fundaram uma
associação chamada "Doppia Defesa" (dupla defesa, em português) que
ajuda mulheres em perigo. Elas exigem que o governo do novo premiê italiano
Matteo Renzi leve em consideração a criação do salário para donas de casa
quando for reformar as regras do mercado de trabalho italiano, como prometeu.
A violência contra mulheres continua
sendo um problema grave na Itália. Em 2013, 177 mulheres foram assassinadas no
país, quase uma a cada três dias. Segundo a associação Telefone Rosa,
especializada no apoio de mulheres, em quase 80% dos casos, parceiros, cônjuges
ou ex-maridos foram os autores dos crimes.
O ministro italiano do interior, Angelino
Alfano, confirmou poucos dias atrás que "o número de homicídios está
caindo na Itália, mas não o de feminicídios". Só na primeira semana deste
mês ocorreram mais seis assassinatos de mulheres.
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