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terça-feira, 25 de março de 2014

PATRICIA DANTAS - UM TANTO QUANTO UNIVERSAIS


Patricia Dantas 
http://patriciadantas01.blogspot.com.br/

Poucas palavras bastam para sabermos que somos um tanto quanto universais. Paixão, amor, solidão, ilusão, fantasia e todos os reinos povoados desses sentimentos que na maioria das vezes nos atravessam por dentro são sempre nossos, inteiros, com muita força e graça trágica, sem dó nem piedade. É o infinito de todas essas composições que nos joga em qualquer palco solitário, em busca do entendimento de nós mesmos, numa viagem ininterrupta, sempre com pressentimentos, na contramão da coisa.

Existem culturas e culturas, memórias, hábitos, costumes e tudo o que se configure na alma do lugar, nas características essenciais, em toda a tipicidade que quase mostra uma cara e diz “olha, você daqui porque você é assim!”. O que mais surpreende, como num filme de suspense, é que ao passo que temos mais acesso ao mundo, sua multiplicidade e cumplicidade, suas mostras de todo sadismo, despudor, liberdade, invenções, ainda parece que estamos vivendo como nossos pais, como diz a letra de Belchior, tão insistente: “Minha dor é perceber/ Que apesar de termos/ Feito tudo, tudo/ Tudo o que fizemos/ Nós ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Ainda somos/ Os mesmos e vivemos/ Como os nossos pais...”.

A dor continua, tão insistente como quando começou, e o que mais se tinha medo “Ainda somos os mesmos, e vivemos como nosso pais” é tão real que não se pode nem mesmo virar a cara como num estalo de ranço ou pudor, é o que somos. Talvez nem sejamos ainda tão liberais nos costumes e ainda guardemos um saudosismo pelos lugares que costumávamos ir há pouco tempo atrás.

Não conseguimos nos desapegar tão fácil, dos amigos, das paixões, dos amores (estes, nunca, jamais), dos lugares e de tudo o que ousamos imaginar como um recôndito de segurança (ainda que muitas ainda sejam pura ilusão) não desejando que tudo isso seja necessário, mas é o fato nosso de cada dia, somos apegados, esta é nossa espécie de confissão.

Ouvi de um amigo que seu amigo lhe confessara “somos transuniversais!” Mas o que é isto? Pensei, na verdade, o que ele quis dizer com aquela convicção que imaginei brotar do seu rosto ao pronunciar tal frase. Ou ele teve muita certeza de si em tal afirmação ou não teve noção alguma, talvez nem ele saiba o que disse, mas acredito que fluiu com um tirânico sentido. Houve um sentido que me deixa extasiada, ao pensar que poderíamos driblar qualquer barreira de cultura, língua, etnia, condição social, religião. Tudo junto e misturado, como diz o ditado. Triste mesmo é saber que não funciona bem assim. É mais uma gangorra ou uma colossal roda-gigante: segure-se quem puder - você poderá ser excluído a qualquer momento, se não seguir os padrões impostos em determinado lugar no mundo, lá, bem aonde sempre se quis ir.

Talvez nem sejamos tanto universais ou transuniversais, mas sabemos o que compartilhamos, como e com quem, até parece que basta, mas não é só, queremos também a recompensa, a retribuição para nos sentirmos conectados e seguros na teia que nos une como seres humanos, sem distinções, apenas, humanos.




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