Samuel Clompus, de 15 anos, pode ser beneficiado pela nova técnica |
Médicos do hospital Great Ormond
Street, em Londres, estão desenvolvendo uma forma de reconstruir partes do
rosto com células-tronco obtidas a partir de amostras de gordura do próprio
paciente.
O estudo com a descrição do novo
método foi publicado no periódico Nanomedicine.
Especialistas acreditam que ainda há
um longo caminho a ser percorrido, mas que a técnica tem potencial.
Os médicos querem tratar condições
congênitas como a microtia, na qual há uma malformação ou ausência completa da
orelha.
Até o momento, a técnica mais usual
para corrigir esse problema em crianças envolve a retirada de cartilagem de
suas costelas.
Depois, o tecido é esculpido
cuidadosamente por cirurgiões para que se assemelhe ao formato de uma orelha.
Em seguida, a "orelha" é implantado no paciente.
Esse método requer múltiplas
operações e deixa cicatrizes no peito. Além disso, a cartilagem das costelas
nunca se recupera.
Molde
A equipe de médicos do Great Ormond
Street Hospital busca uma alternativa na qual uma pequena amostra de gordura é
retirada da criança para que células-tronco sejam extraídas dela e cultivadas.
Essas células são colocadas em um
molde em formato de orelha para que assumam a forma desejada. Produtos químicos
adicionados no processo fariam com que as células se transformassem em cartilagem.
O resultado final pode ser
implantado sob a pele da criança.
Os pesquisadores já conseguiram
criar a cartilagem no molde, mas testes de segurança são necessários antes que
o material possa ser usado em pacientes.
"É animador termos obtido
células não-cancerígenas, que podem ser implantadas de volta no paciente sem
haver o risco do sistema imunológico do paciente combatê-las", diz a
cientista Patrizia Ferreti, uma das integrantes da equipe, à BBC.
"Fazer essa reconstrução com
uma só cirurgia seria muito importante para reduzir o estresse imposto à
criança. Esperamos que essa nova cartilagem cresça junto com a criança."
Nova orelha
A técnica poderia ajudar pacientes
como Samuel Clompus, de 15 anos, que já fez uma cirurgia de reconstrução da
orelha.
Sua mãe, Sue, diz que a família está
feliz com a pesquisa.
"Ele tem uma cicatriz até hoje
que o incomoda bastante. Com a nova técnica, isso seria evitado", afirma
ela.
O método ainda poderia ser usado
para criar cartilagem para outras partes do rosto, como o nariz, que pode ser
danificado em adultos após cirurgias para retirada de tumores.
Os médicos dizem que poderiam fazer
ossos com a mesma técnica.
"Obviamente ainda estamos só
começando. O próximo passo é aperfeiçoar a escolha do material inicial e desenvolver
melhor a técnica", afirma Ferretti.
Ao comentar o estudo, o cirurgião
Martin Birchall, da Universidade College London, diz que a técnica pode ser
"transformadora".
Ele esteve envolvido nas primeiras
operações para implantar, em pacientes, canais respiratórios criados em
laboratório.
Birchall afirma que a nova técnica
ainda requer testes.
"No meu caso, usamos
células-tronco obtidas da médula óssea porque elas tinham sido usadas em
transplantes em 10 mil pessoas. Provavelmente não haverá problemas com as
células de gordura, mas elas ainda não tiveram sua segurança provada."
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