domingo, 6 de abril de 2014

TATUAGEM NOS OLHOS: ENTENDA POR QUE NÃO É UMA BOA IDEIA ENTRAR NESSA ONDA




Pintar a parte branca dos olhos, tatuar a íris ou implantar lentes coloridas fixas são práticas que estão na moda, mas trazem sérios riscos à saúde e podem levar até a perda da visão


Fazer tatuagens nos olhos para mudar suas cores é algo que está virando uma moda e tanto no mundo todo – especialmente no Brasil. A onda é tão grande que não está mais limitada apenas a fanáticos da pintura corporal, pois já tem adesão até de alguns artistas e celebridades. No entanto, o que muita gente parece não levar em consideração é que esse tipo de prática traz uma série de riscos, de manchas no rosto até cegueira total.

Antes de passar aos problemas que surgem com essa prática inusitada, no entanto, vale a pena conhecer as suas três variantes principais: a colorização da esclera (a parte branca dos olhos), a tatuagem para mudança de cor da íris (a região que define a tonalidade natural) e a colocação de uma lente de contato colorida fixa.

                                          Dos presídios para o mundo
Fonte da imagem: Reprodução/Mega Curioso

Pintar a parte branca dos olhos é uma prática que já possui registros há mais de dois mil anos, mas que voltou a ganhar atenção em 2010. Na época, dois presidiários norte-americanos, Paul Inman e David Boltjes, surpreenderam as autoridades ao realizar o doloroso e perigoso procedimento dentro de suas celas, sem acompanhamento profissional.

Os dois criminosos não revelaram como eles foram capazes de criar (ou obter) a tinta, mas mostraram um pouco da forma como o processo pode ser feito. “Você não pode usar pistola de tatuagem convencional ou caseira. Pode-se usar uma agulha hipodérmica, mas não estou dizendo que é o que usamos. É doloroso, como se alguém estivesse enfiando picadores de gelo ou facas nos seus olhos”, disseram.

Poucos tatuadores no mundo todo possuem a qualificação para esse tipo de procedimento, sendo um deles o brasileiro Rafael Leão Dias (cujo trabalho já mencionamos aqui). Segundo ele, a tinta usada é diferente das tattoos convencionais, sendo importada dos EUA e aplicada em três pontos do olho. O método faz uso de uma agulha especial curva que aplica o material como uma seringa, mas sem perfurar o olho. O “eyeball tattoo” custa, em média mil reais.          


Fonte da imagem: Reprodução/Hoje em Dia



                                                   As cores da fama

Já o segundo método, que altera a coloração da íris, é realizado por meio de cirurgias no México e no Panamá e já foi feito por dançarinas do Faustão e até uma atriz de programa humorístico da televisão, segundo a blogueira Fabíola Reipert. A operação custa cerca de R$ 25 mil e é cheia de riscos. “É um procedimento que, por um motivo fútil, coloca em risco um órgão nobre do corpo”, diz o oftalmologista Leonardo Marculino.

Para o processo, é aberta uma camada superficial da córnea com um aparelho médico específico, de forma a permitir que uma tinta oftalmologicamente testada seja aplicada na parte de cima dessa parte do olho. Segundo o médico, isso traz uma melhora estética para quem possui um tom esbranquiçado por conta de problemas de visão. “E mesmo essas tatuagens não duram tanto tempo”, alerta, ressaltando que um colírio anestésico é usado na cirurgia.

  
Fonte da imagem: Reprodução/Blog Alvaro Sá


                                                    Contato vaidoso

Outra técnica que também envolve cirurgia, liberada no Brasil para pessoas cegas, também foi adaptada de modo arriscado por vaidade: a colocação de lentes de contato coloridas fixas dentro dos olhos. “Se essa cirurgia for realizada de modo errôneo, o contato entre a lente e a íris pode gerar um problema no olho e levar à descompensação da córnea”, diz Marculino, que se faz o procedimento apenas em quem perdeu a visão em um dos olhos.

De acordo com ele, a cirurgia só é recomendada para pacientes que, por cegueira parcial ou total, não têm mais a córnea transparente como deveria ser, apresentando-a branca. Somente nesses casos é que a operação é realizada para melhorar a aparência. “Quando essa parte não é branca, o procedimento é arriscado. Mesmo quando é realizado em pessoas que já não têm a visão em um dos olhos, pode haver inflamações”, explica.




                                                  Falando de riscos  

Segundo especialistas, essas práticas ocasionalmente podem não dar em nada, mas sempre são acompanhadas de riscos sérios, entre os quais estão inflamações, catarata, glaucoma e até cegueira total. De acordo com Marculino, os prejuízos podem ocorrer imediatamente após os processos ou ao longo dos anos. “Como o procedimento é feito fora do Brasil, elas geralmente não fazem acompanhamento”, diz.

Além disso, o oftalmologista ressalta que muitos das alterações podem não apresentar qualquer sintoma antes de se tornarem algo mais grave. “Quando dão problema, pode ser que seja tarde demais, com uma lesão irreversível”, afirma. Segundo ele, muitos pacientes que colocaram lentes no olho com o objetivo de apenas mudar sua cor acabaram perdendo a visão.

Vale ainda ressaltar que nenhum desses procedimentos é capaz de fazer com que você veja o mundo com outras cores. Isso acontece porque é a pupila, a parte preta que todos temos nos olhos, que permite que a luz passe e nos faz ver, e ela não recebe tinta por esses métodos.





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