Pintar a parte branca dos olhos,
tatuar a íris ou implantar lentes coloridas fixas são práticas que estão na
moda, mas trazem sérios riscos à saúde e podem levar até a perda da visão
Fazer tatuagens nos olhos
para mudar suas cores é algo que está virando uma moda e tanto no mundo todo –
especialmente no Brasil. A onda é tão grande que não está mais limitada apenas
a fanáticos da pintura corporal, pois já tem adesão até de alguns artistas e
celebridades. No entanto, o que muita gente parece não levar em consideração é
que esse tipo de prática traz uma série de riscos, de manchas no rosto até
cegueira total.
Antes de passar aos problemas que
surgem com essa prática inusitada, no entanto, vale a pena conhecer as suas
três variantes principais: a colorização da esclera (a parte branca dos olhos),
a tatuagem para mudança de cor da íris (a região que define a tonalidade
natural) e a colocação de uma lente de contato colorida fixa.
Dos presídios para o mundo
Fonte
da imagem: Reprodução/Mega Curioso
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Pintar a parte branca dos olhos é
uma prática que já possui registros há mais de dois mil anos, mas que voltou a
ganhar atenção em 2010. Na época, dois presidiários norte-americanos, Paul
Inman e David Boltjes, surpreenderam as autoridades ao realizar o doloroso e
perigoso procedimento dentro de suas celas, sem acompanhamento profissional.
Os dois criminosos não revelaram
como eles foram capazes de criar (ou obter) a tinta, mas mostraram um pouco da
forma como o processo pode ser feito. “Você não pode usar pistola de tatuagem
convencional ou caseira. Pode-se usar uma agulha hipodérmica, mas não estou
dizendo que é o que usamos. É doloroso, como se alguém estivesse enfiando
picadores de gelo ou facas nos seus olhos”, disseram.
Poucos tatuadores no mundo todo
possuem a qualificação para esse tipo de procedimento, sendo um deles o
brasileiro Rafael Leão Dias (cujo trabalho já
mencionamos aqui). Segundo ele, a tinta usada é diferente das tattoos
convencionais, sendo importada dos EUA e aplicada em três pontos do olho. O
método faz uso de uma agulha especial curva que aplica o material como uma
seringa, mas sem perfurar o olho. O “eyeball tattoo” custa, em média mil reais.
Fonte
da imagem: Reprodução/Hoje em Dia
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As cores da fama
Já o segundo método, que altera a
coloração da íris, é realizado por meio de cirurgias no México e no Panamá e já
foi feito por dançarinas do Faustão e até uma atriz de programa humorístico da
televisão, segundo a blogueira Fabíola Reipert. A operação custa cerca de R$ 25
mil e é cheia de riscos. “É um procedimento que, por um motivo fútil, coloca em
risco um órgão nobre do corpo”, diz o oftalmologista Leonardo Marculino.
Para o processo, é aberta uma camada
superficial da córnea com um aparelho médico específico, de forma a permitir
que uma tinta oftalmologicamente testada seja aplicada na parte de cima dessa
parte do olho. Segundo o médico, isso traz uma melhora estética para quem
possui um tom esbranquiçado por conta de problemas de visão. “E mesmo essas tatuagens
não duram tanto tempo”, alerta, ressaltando que um colírio anestésico é usado
na cirurgia.
Fonte
da imagem: Reprodução/Blog Alvaro Sá
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Contato vaidoso
Outra técnica que também envolve
cirurgia, liberada no Brasil para pessoas cegas, também foi adaptada de modo
arriscado por vaidade: a colocação de lentes de contato coloridas fixas dentro
dos olhos. “Se essa cirurgia for realizada de modo errôneo, o contato entre a
lente e a íris pode gerar um problema no olho e levar à descompensação da
córnea”, diz Marculino, que se faz o procedimento apenas em quem perdeu a visão
em um dos olhos.
De acordo com ele, a cirurgia só é
recomendada para pacientes que, por cegueira parcial ou total, não têm mais a
córnea transparente como deveria ser, apresentando-a branca. Somente nesses
casos é que a operação é realizada para melhorar a aparência. “Quando essa
parte não é branca, o procedimento é arriscado. Mesmo quando é realizado em
pessoas que já não têm a visão em um dos olhos, pode haver inflamações”,
explica.
Falando de riscos
Segundo especialistas, essas
práticas ocasionalmente podem não dar em nada, mas sempre são acompanhadas de
riscos sérios, entre os quais estão inflamações, catarata, glaucoma e até
cegueira total. De acordo com Marculino, os prejuízos podem ocorrer
imediatamente após os processos ou ao longo dos anos. “Como o procedimento é
feito fora do Brasil, elas geralmente não fazem acompanhamento”, diz.
Além disso, o oftalmologista
ressalta que muitos das alterações podem não apresentar qualquer sintoma antes
de se tornarem algo mais grave. “Quando dão problema, pode ser que seja tarde
demais, com uma lesão irreversível”, afirma. Segundo ele, muitos pacientes que
colocaram lentes no olho com o objetivo de apenas mudar sua cor acabaram
perdendo a visão.
Vale ainda ressaltar que nenhum
desses procedimentos é capaz de fazer com que você veja o mundo com outras
cores. Isso acontece porque é a pupila, a parte preta que todos temos nos
olhos, que permite que a luz passe e nos faz ver, e ela não recebe tinta por
esses métodos.
FonteHoje em Dia
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