Não ter como descrever por completo
a imagem, não ter palavras para o que se passa nuns olhos tão dourados, de
cílios fluidos, grandes, armados em espirais, que se mostram somente no
sonho, mais preparados que os da vida real, que se erguem cheios de pretensões
previsíveis.
Por que se mostraram tão dourados, como luzes ao sol, reluzindo sem medos, sem sombras, sem torpores ilusionistas? Eles eram tão reais, tão cheios de uma vida luminosa, de raios e uma dose de embriaguez alegre, que não se conseguia distinguir de quem era, talvez eles nunca apareceram realmente para ninguém, ou se mostraram em sua essência, brilhantes, como muitos tentam ser para os outros, e nem sempre conseguem fazê-lo. Eles (os olhos mais cheios de luz) conseguiram se mostrar praticamente como um corpo nu, distante de qualquer vestimenta que encobrisse sua vergonha, pois já estavam ali, mirando, acariciando a pessoa, também nua; já se conseguia escapar, bailar, penetrar a pele, mas eram apenas uns olhos que vieram, não se sabe de onde, como uma visita, um viajante solitário já cansado dos desertos.
Traziam algumas palavras, eram muitas e confundiam, dava para se ver cada vez mais suas composições flertando no ar, ao passo que perscrutavam todo o ambiente, desejariam mesmo viver ali por um tempo. Como arrancar palavras que poderiam tomar as formas mais inimagináveis, erguer moradias fantasiosas, as dos sonhos? Elas mordiscavam, como o inseto na ponta da língua, a andar por dentro da boca morna, de saliva viva, de partículas que também caminhavam em seu habitat natural.
Provavelmente eles – os olhos que impressionam – virão todas as noites, estão mais que instalados, são inquilinos dos sonhos, não podem se despedir sem cumprir sua história, como dizem “hão de cumprir seu destino”.
É tão impessoal falar de uns olhos, são tão reais, irreais, puros ilusionistas dos palcos, dos corações, da vida; conseguem arrastar qualquer um para vulcões ou paraísos, talvez sejam mesmo como um destino que não se acredita, mas está ali, preso nos passos, e quando menos se dá conta, ele está traçando as linhas, o caminho, o desenho minucioso da estrada; é contraditório e talvez seja o que se pode dar um nome quando nem mesmo se entende seu roteiro de viagem.
Um dia, estes mesmos olhos dos sonhos irão se entregar em outros horizontes, viajarão muitas milhas, vão para o mais distante possível - eles são muitos, sabemos, e possuem tonalidades diferentes -, vão mirar novamente, mais umas vezes, até deixarem as contradições e suas ambiguidades irem embora, até fazerem a pessoa entender o real significado do olhar que se estende para além dos sonhos, das aparências, da vida que se vive.
Por que se mostraram tão dourados, como luzes ao sol, reluzindo sem medos, sem sombras, sem torpores ilusionistas? Eles eram tão reais, tão cheios de uma vida luminosa, de raios e uma dose de embriaguez alegre, que não se conseguia distinguir de quem era, talvez eles nunca apareceram realmente para ninguém, ou se mostraram em sua essência, brilhantes, como muitos tentam ser para os outros, e nem sempre conseguem fazê-lo. Eles (os olhos mais cheios de luz) conseguiram se mostrar praticamente como um corpo nu, distante de qualquer vestimenta que encobrisse sua vergonha, pois já estavam ali, mirando, acariciando a pessoa, também nua; já se conseguia escapar, bailar, penetrar a pele, mas eram apenas uns olhos que vieram, não se sabe de onde, como uma visita, um viajante solitário já cansado dos desertos.
Traziam algumas palavras, eram muitas e confundiam, dava para se ver cada vez mais suas composições flertando no ar, ao passo que perscrutavam todo o ambiente, desejariam mesmo viver ali por um tempo. Como arrancar palavras que poderiam tomar as formas mais inimagináveis, erguer moradias fantasiosas, as dos sonhos? Elas mordiscavam, como o inseto na ponta da língua, a andar por dentro da boca morna, de saliva viva, de partículas que também caminhavam em seu habitat natural.
Provavelmente eles – os olhos que impressionam – virão todas as noites, estão mais que instalados, são inquilinos dos sonhos, não podem se despedir sem cumprir sua história, como dizem “hão de cumprir seu destino”.
É tão impessoal falar de uns olhos, são tão reais, irreais, puros ilusionistas dos palcos, dos corações, da vida; conseguem arrastar qualquer um para vulcões ou paraísos, talvez sejam mesmo como um destino que não se acredita, mas está ali, preso nos passos, e quando menos se dá conta, ele está traçando as linhas, o caminho, o desenho minucioso da estrada; é contraditório e talvez seja o que se pode dar um nome quando nem mesmo se entende seu roteiro de viagem.
Um dia, estes mesmos olhos dos sonhos irão se entregar em outros horizontes, viajarão muitas milhas, vão para o mais distante possível - eles são muitos, sabemos, e possuem tonalidades diferentes -, vão mirar novamente, mais umas vezes, até deixarem as contradições e suas ambiguidades irem embora, até fazerem a pessoa entender o real significado do olhar que se estende para além dos sonhos, das aparências, da vida que se vive.
Edição Fev/Mar da Revista Divulga
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