A história parece lembrar um pouco
“O curioso caso de Benjamin Button”: uma velha senhora chinesa, com 92 anos, dá
à luz um feto com 60 anos, mas o paralelo com a ficção termina por aí.
Huang Yijun ficou grávida em 1948,
quando recebeu dos médicos a triste notícia que seu filho havia morrido na sua
barriga. Sem dinheiro para pagar a cirurgia para extrair o feto morto, ela
resolveu deixar tudo como estava e seguir sua vida. Anos mais tarde, ao sentir
uma dor na barriga, a “criança” foi identificada como a causa do desconforto.
Em casos em que o feto morre no
corpo da mãe, geralmente o tecido se desfaz e é absorvido pelo organismo da
mulher, ou expulso. Não foi o que aconteceu com o feto da senhora Yijun, que
foi calcificado — um dos métodos de defesa do corpo contra corpos estranhos —,
um fenômeno raro conhecido como litopédio (de lito – pedra, pedo – criança;
“criança de pedra”).
Litopédios começam normalmente como
uma gravidez ectópica, quando o óvulo se fixa fora do útero, o que geralmente
significa gravidez tubária. Em situações raríssimas, o feto se fixa na cavidade
abdominal, como nos intestinos, no ovário, ou até mesmo na aorta, condições
perigosas.
Um trabalho publicado no Journal of
the Society of Medicine, em 1996, apontou apenas 260 casos de litopédio
conhecidos pela medicina. O mais antigo deles era de uma senhora francesa que
faleceu em 1582, com 68 anos, Madame Colombe Chatri, que se queixou de dores de
barriga por 28 anos.
Usando os dados disponíveis, o
trabalho apontou que a “gravidez pétrea” dura em média 22 anos. Em alguns
casos, a mulher não fica sabendo que tem um litopédio. Ela fica grávida, os
sinais da gravidez somem, ela pensa que teve um aborto e deixa tudo como está.
Mulheres que vivem em países onde o
cuidado obstétrico não é amplamente disponível podem nem ficar sabendo de sua
condição, até que a massa calcificada cause algum tipo problema de saúde, como
uma obstrução intestinal, abcesso pélvico, problemas de fertilidade, entre
outros. Foi o caso recente de uma mulher de 82 anos em Bogotá, na Colômbia, que
teve um feto de 40 anos removido de seu corpo. Inicialmente, pensava-se que
algum vírus era o que estava causando sua dor de estômago. [The Herald, NBC News, DailyMail]
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